domingo, 8 de junho de 2008

Regressar sempre a Mahler.
Nenhum outro, e foram tantos, trouxe a melancolia tão à superfície do mar. Nenhum outro, e como são inesquecíveis, trouxe o acorde da comoção de tão longe. Nenhum outro, e não os esqueças, levou a devastação da perda tão ao fundo da beleza.
“Wo die schönen Trompeten blasen” por Anne Sofie Von Otter no ciclo de canções “Des Knaben Wunderhorn” e todas as outras.

3 comentários:

Pantapuff disse...

Hoje estou sem nada para fazer (grande mentira que devia estar a estudar) e decidi comentar aqui.
Gosto muito do vosso blog, é original e tem textos lindíssimos.
Muitos parabéns.

M. disse...

Sempre que se fala em Mahler, lembro-me da "Morte em Veneza" e da imagem tão vincada que me ficou da tinta do cabelo a escorrer ao sol. Como uma agonia transfigurada em lágrimas de tinta. E da pouca memória que tenho de tudo essa é uma imagem muito forte que perdura graças precisamente aquilo que tu explendidamente dizes: "Nunca ninguém levou a devastação da perda tão ao fundo da beleza".
Obrigada pela beleza partilhada

IM disse...

Querida Marlene,

É engraçado falares nesse filme do Visconti, Visconti é um dos meus realizadores favoritos, e apesar de reconhecer que enquanto filmes "Senso" e "O leopardo" são mais perfeitos, o meu filme preferido é "Morte em Veneza", já não sei o que li/vi primeiro se o livro de Thomas Mann se o filme. Mas ainda hoje é um filme que me comove e associo-o sempre a um dos meus compositores favoritos. No entanto também poderia dizer: regressar sempre a Bach, Shubert, Vivaldi, Chopin, Wagner e Pucinni; e a tantas obras que amo: as sonatas de Beethoven, Mozart, a 3ª sinfonia de Brahms, "Pierrot Lunaire", Arvo Pärt, Monteverdi, e tantas tantas outras.
Acho que o que me comove é a capacidade de criação do ser humano. Essa capacidade que todos temos de nos transcendermos e agigantar-mo-nos.
Um beijo.