terça-feira, 29 de abril de 2008

De volta ao Plano Inclinado

Os comentários da Marlene e da Ivone ao Plano Inclinado obrigaram-me a responder. Pretendo com esta resposta também reconhecer a justeza das críticas da Ivone à falta de rigor na minha escrita, motivada por um controlo grosseiro do plano e da velocidade das palavras. Acredito mesmo que foram o atrito e a inércia, que desprezei por simplificação, que fizeram com que o livro ainda não tivesse encontrado editor.



Inclinei-me por cima da escrita para a ler de soslaio, distraí-me, desequilibrei-me e caí por sobre o plano que ruiu com estrondo. Enfiei a haste dum h retardatário no olho direito e gritei bem alto "foda-se, foda-se", e com o balanço subi a cómoda, que virou de pantanas o quarto. Molero aproveitou a balbúrdia para entrar em cena e frisar bem que aquela deixa era dele. “Vai-te tu embora que esta história não é a tua”, ripostei eu com firmeza.

“É bem feito”, diz a Ivone, aproveitando também a minha fraqueza, “bem te disse para teres em conta o atrito e a inércia do h. Bem sabes que o h é uma letra preguiçosa que tende sempre a ficar para trás. Ele bem empina a haste para não tropeçar mas, mesmo assim, não pode competir com o o ou com o a.”

Mas o meu principal problema, depois de me ter levantado do meio dos escombros, era o que fazer com o plano ruído. “Talvez música concreta.” grita lá do fundo em tom de desafio Molero, que aproveitara a minha atrapalhação para se não ir embora.

3 comentários:

IM disse...

Caro Renato, não foi uma crítica, foi apenas um comentário, e para o efeito nem sequer era relevante, obrigado pela história e pelo segundo texto.

Renato Roque disse...

Cara Ivone

Eu sei que não era uma crítica. Do meu lado foi uma brincadeira, porque eu gosto de brincar com as palavras, quando elas deixam...


bj

Renato

Joana Espain disse...

Olhe-se melhor para o que restou. Molero agarrado a um I que se enrola na roldana de um O pendurada na perna de um A equilibrado no que resta do tal plano inclinado a não deixar que se perca este equilibrio metaestável da escrita:)

Joana E